‘Os ataques que aconteciam nas senzalas hoje são na internet’, diz autor de ‘Escrava Mãe’
Autor que inaugurou a nova faixa de dramaturgia da Record, às 19h30, com “Escrava Mãe”, Gustavo Reiz, 34, diz que a trama de época sobre escravidão dialoga com o contexto atual do Brasil.
A novela estreou com todos os capítulos gravados, o que impede o novelista de fazer qualquer alteração na trama, de acordo com o retorno do público. “Por enquanto está tudo certo. Estou acompanhando como telespectador, é interessante”, diz o novelista à coluna.
Ele, que fez “Dona Xêpa” e “Sansão e Dalila”, já prepara um novo folhetim para o canal, “Belaventura”. A trama será medieval, com inspiração em novelas de cavalaria.
★
Novelas em geral são obras abertas. Como é não poder alterar rumos da trama?
Desde o início sabia que seria assim, foi um próprio risco que a emissora topou correr.
Apostei em muitas histórias se desenvolvendo ao mesmo tempo, porque, se uma trama não emplacasse, teria chance com outra. Por enquanto está indo tudo bem. A única coisa chata é que às vezes tô assistindo e tenho novas ideias.
Por que escolheu uma trama de época e sobre escravidão?
Porque é uma fase marcante para todos, um assunto recente na nossa história. A gente quer se conhecer enquanto nação, resgatar nossas origens. Coloquei várias situações com base em pesquisa. E as pessoas comentam “E pensar que até pouco tempo atrás nossos antepassados passavam por isso”. Esses ataques [de racismo] que aconteciam nas senzalas hoje as pessoas sofrem na internet, uma coisa absurda. A melhor forma de acabar com isso não é ignorar o assunto, é botar em pauta de novo.
E por que fazer uma novela medieval? Tem inspiração em “Game of Thrones”?
É a tentativa de oferecer algo diferente ao público. É uma tendência mundial trama medieval. Adoro novelas de cavalaria e elas inspiraram “Game of Thrones”. Será uma história de amor, disputa de poder.