‘Há um cansaço do público com tramas mais pesadas’, diz Fábio Assunção

LÍGIA MESQUITA
Fábio Assunção nos bastidores de 'Totalmente Demais' (GLobo) (Paulo Belote/Divulgação)
Fábio Assunção nos bastidores de ‘Totalmente Demais’ (GLobo) (Paulo Belote/Divulgação)

Fábio Assunção, 44, diz ter sido “incrível” retornar às novelas na Globo após sete anos afastado do gênero.

Ele vive Arthur, dono de uma agência de modelos, em “Totalmente Demais”, que acaba no dia 30.

A trama das 19h, de Rosane Svartman e Paulo Halm, com direção-geral de Luiz Henrique Rios, é atualmente o maior sucesso de audiência da teledramaturgia.

“É interessante fazer um personagem ao longo de 11 meses, em que você não sabe qual caminho ele vai seguir. É parecido com a vida: você vai desenhando no dia a dia”, diz o ator, que antes ficou cinco anos no ar com a série “Tapas & Beijos”.

Ele falou à coluna:


Como vê o sucesso da novela?
É uma felicidade para todos. Começamos uma novela numa época em que temos internet forte, com muita coisa dividindo a atenção do público, num horário difícil, com muita gente na rua. A gente não tinha expectativa de dar 35 pontos de média nacional [cada ponto equivale a 684,2 mil espectadores no Ibope]. E não é só uma questão de números, é uma questão de como as pessoas participam da novela nas redes sociais. Elas discutem, torcem. É uma novela que, nos tempos em que vivemos, discute o amor, o afeto, mostra a transformação de personagens. É um presente para o público. Acho que há um cansaço do público em acompanhar tramas mais densas, mais pesadas.

Por que há esse cansaço?
Porque a gente tá vivendo isso nas ruas, no país. Estamos num mundo em crise, a natureza está em crise, os valores familiares. Estamos indo para um mundo cada vez mais rápido, em função de tudo ser digitalizado. “Totalmente” resgata a amorosidade. São várias gerações na novela falando de amor, de coisas do ser humano, não só de golpes, crime.

Qual o mérito do texto?
É bem escrito, contemporâneo, do nosso cotidiano, cabe na nossa boca. É acessível, mas muito caprichado. Tive oportunidade de falar poesias de Shakespeare, de Bilac. É muito bom trazer para o universo de uma novela uma literatura diferente. E em nenhum momento os autores precisaram usar linguagem rebuscada. Houve respeito grande em ter qualidade nas palavras, mas ao mesmo tempo trazer ao público um bom entendimento do que está acontecendo.

Sabe como o Arthur termina?
Sei de um final que vai ter e achei lindo, fiquei comovido. E seria o ápice da transformação dele. Mas com quem ele vai ficar, não sei.

O que acha dessa ação inédita de a novela acabar numa segunda-feira?
Não tenho o que achar. Tem a questão que a novela terminaria numa sexta de feriado, e acho que tem esse lado de a Globo ter se preocupado com o público que não poderia ver. Pra mim, acabar na sexta ou na segunda não faz diferença. São dois capítulos a mais. Mas se for pra fazer numa segunda com todo mundo podendo ver, seria a vantagem. Agora, o porquê disso não cabe a mim.

 

Você falou sobre ver a novela pelas redes sociais. Conhecia o termo “shippar” [ato de torcer por um casal]?
Penei muito no começo para aprender esses negócios aí. Nunca tinha ouvido falar em “shippar”. E quando começaram a falar em Arliza e Joliza [junções dos nomes dos personagens Arthur e Eliza (Marina Ruy Brbosa) e Jonatas (Felipe Simas) e Eliza], eu disse: Quem são esses (risos)? Aí aprendi.

Qual a maior transformação do Arthur e como gostaria que ele terminasse?
Arthur tem uma formação elitizada. Na biografia que criei pra ele, ele é um cara que se formou em escola elite, tem condição financeira favorável, um cara ligado a esporte, que nunca teve problema em conquistar as paixões. Teve um casamento que não deu certo porque provavelmente optou, e isso não é uma crítica, a um lado mais egoísta de escolher o prazer dele, o tempo dele, ao invés de renunciar tudo por uma família que criou com a Natasha. Ele começa como a gente chama, um playboy, um cara aparentemente não muito a fim de grandes discussões, que não se importa muito com o mundo dos outros, e acaba a novela rendido por um amor que foi aprendendo a sentir. E por uma pessoa que ele conhece no início da trama em função de uma aposta fútil. E através da transformação da Eliza (Marina Ruy Barbosa), ele vai vendo e descobrindo o afeto.