‘Um bumbum em busca de cinco minutos de fama’, diz Maitê Proença sobre dublê
LÍGIA MESQUITA
Maitê Proença, 58, é Dionísia, mulher que usa escravos como objetos sexuais, na novela das 23h da Globo, “Liberdade, Liberdade”.
A atriz acha importante uma personagem que responde a seus desejos, numa época em que o feminismo voltou com força ao debate.
“É fato comprovado que dar à mulher a possibilidade de estudo, de trabalho, beneficia a sociedade. As sociedades mais pobres e retrógradas são aquelas que subjugam as mulheres.”
Na trama de Mario Teixeira e direção de Vinicius Coimbra, Dionísia aborda o tema da violência doméstica, exibindo cicatrizes de agressões do seu ex-marido.
Há alguns dias, uma cena de nudez de Maitê virou o assunto mais comentado da internet por sua suposta ótima forma. No dia seguinte, uma bailarina revelou ter sido a sua dublê de bumbum.
Maitê falou à coluna por e-mail:
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É importante “Liberdade” falar de justiça e corrupção em meio à crise do país?
O Brasil teve uma colonização extrativista. Homens extraíam o que queriam e mandavam para Portugal. Então vem de longe no país a ideia de chegar ao poder para extrair benefício próprio. A ideia de representar quem a colocou ali não está na formação da nossa classe política. “Liberdade” mostra o princípio do desmando que hoje nos escandaliza. Precisamos começar do zero e reinventar o que aí está.
Faltam bons papéis para atrizes acima dos 50?
Há mais papéis para moças de 30 porque há uma histeria no mundo que deseja perpetuar a juventude. As pessoa podiam relaxar já que logo logo todos viveremos muito mais do que cem anos. Eu, por exemplo, sou jovenzíssima (sic) (risos). E sou bem melhor atriz hoje do que era aos trinta, bobo de quem não perceber (risos. É uma brincadeirinha).
Não sentiu segurança em mostrar seu corpo na novela?
Meu corpo está muito satisfeito. E aquilo não foi nada, só um bumbum em busca de cinco minutos de fama.
Espera que Dionísia alerte sobre violência doméstica?
O problema da mulher no mundo é seríssimo. Elas ainda sofrem com prostituição, casamentos prematuros, trabalho forçado, não têm controle sobre seus corpos, não recebem educação, são estupradas, espancadas e às vezes mortas com impunidade. Não só no Oriente Médio ou na África, isso se dá aqui, ao lado de nossas casas.