‘Na Record quiseram me transformar num Faro’, afirma Rafael Cortez
Afastado da TV desde dezembro, quando o “CQC” (Band) chegou ao fim, Rafael Cortez, 39, agora experimenta um novo canal de comunicação com o público, o seu Love Treta, no YouTube.
Em vídeos com mais de 11 mil visualizações, ele dá conselhos amorosos engraçadinhos (como fugir da ex etc.).
“Meu público é muito jovem. Sempre me perguntavam como ‘chegar em uma menina’, essas coisas. De repente, me vi nisso”, diz.
Cortez segue contratado da Band, mas diz que não pretende receber sem trabalhar.
(BIANCA SOARES)
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Tem receio de ser visto como o cara que não deu certo na TV e foi para a internet?
Sempre quis estar no YouTube, era algo anterior ao final do “CQC”, mas claro que vão dizer que é porque tô desempregado. Tô acostumado com os maledicentes, foi assim quando fui para a Record. Não notaram que saí da Band como repórter para ser apresentador e depois voltei como apresentador.
Voltaria para a Record?
Se tivesse um projeto interessante, sim. Mas tomaria alguns cuidados, porque em 2014 abracei um projeto que não tinha a minha cara. Sempre fui um humorista ácido, lá quiseram me transformar em um Rodrigo Faro.
Quer ir para a Globo?
Quem não quer? O [Felipe] Andreoli e a Monica [Iozzi] provaram que ex-“CQC” pode se dar bem lá. Não quero ficar estacionado, ganhando salário de um canal que não vai me aproveitar.
O que gostaria de fazer lá?
Meu sonho é algo como o “Altas Horas”. Gostaria de aprender com o Serginho [Groisman] e, quando ele se aposentar, assumir.
O que deu errado no “CQC”?
O público se afeiçoou demais ao primeiro elenco do programa. Rafinha [Bastos], Danilo [Gentili], Andreoli e Monica foram grandes desfalques. Além disso, era um projeto caro e exaustivo, tinha um prazo de validade.
O “CQC” pode voltar?
Acho que sim, mas por enquanto não há conversa sobre isso na Band. Se tem, não fui convidado. O [Diego] Guebel [diretor artístico] é engenheiro da TV. Se disse que volta, é porque voltará.
A internet mudou o jeito de se fazer humor na TV?
A TV ainda não aprendeu a lidar com esse fenômeno de massa que é a internet. A espontaneidade é a melhor coisa a se absorver da internet. Talvez a fase de espetáculo da TV esteja chegando ao fim. Impostar a voz e abrir os braços só dá para fazer se for o Silvio Santos.
O Porta dos Fundos se deu bem também na TV…
Os caras são ótimos, mas não trouxeram algo tão novo. A “TV Pirata” fazia esquetes lá atrás.
Quais as diferenças de linguagem na TV e na internet?
Meu primeiro piloto do Love Treta ficou horrível, porque fiz algo de TV. E TV é espetáculo, herança dos comunicadores de massa que a gente teve. O “CQC” desconstruiu isso. Hoje, todo mundo quer ser descolado. O William Bonner levantando da bancada é tentativa de desconstruir o espetáculo.