‘Novelas das 21h podem acabar mutiladas à tarde’, diz Gloria Perez

LÍGIA MESQUITA
(João Cotta/Divulgação)
(João Cotta/Divulgação)

Nesta semana, dentro do “Vale a Pena Ver de Novo”, a Globo voltou a exibir “Caminho das Índias” (2009), de Gloria Perez.

A autora acredita que, seis anos depois, a trama conquistará novos telespectadores, mas avisa que o folhetim sofreu alterações por causa da classificação indicativa do período da tarde.

“Esse é o problema das novelas das 21h quando passam à tarde. Dependendo do tema que abordam, acabam muito mutiladas”, diz à coluna, por e-mail. “Aconteceu com ‘O Clone’. Um dos pontos fortes da novela era a campanha das drogas. Na reexibição ficou praticamente apagada.”

Leia a seguir a entrevista:

As redes sociais mudaram a maneira de ver televisão?
Sempre foi uma tradição assistir às novelas em grupo. Antes das redes sociais, eles estavam restritos aos limites da sala. Com as redes, caem as paredes: você pode assistir comentando com pessoas de todos os Estados. Observo que o telespectador pré-revolução digital mergulha no mundo fictício e espera o intervalo para comentar, enquanto o nativo dessa nova era assiste digitando.

Por que as novelas das nove não têm mais tanta audiência?
Eu acho que têm, sim. A medição é que está em desacordo. Hoje, os números que avaliam a audiência ainda são tirados unicamente dos aparelhos fixos e quando as pessoas assistem ao programa na hora em que ele passa. As pessoas continuam falando das novelas: para gostar ou para reclamar, e cada vez é maior o número de blogs, colunas e especialistas para falar sobre elas.

O público está mais conservador? O autor precisa ceder às pressões do telespectador?
Historicamente os tempos mais liberais são substituídos por tempos mais conservadores. Estamos vivendo uma época de muitas mudanças e a sensação de instabilidade torna as pessoas mais conservadoras.Não acho que o autor deva ceder quanto ao recado que pretende dar. Mas pode mexer na maneira de passar esse recado. Pode-se dizer a mesma coisa, com a mesma força, de infinitas maneiras.

>> com VICTORIA AZEVEDO