‘Tenho que ser coerente com a minha história’, diz Fátima Bernardes

LÍGIA MESQUITA
A apresentadora Fátima Bernardes (João Miguel Junior/Divulgação)
A apresentadora Fátima Bernardes (João Miguel Junior/Divulgação)

Com três anos recém-completados de seu “Encontro com Fátima Bernardes” (Globo), a apresentadora avalia: “Aprendemos a cada dia. Só trabalho nisso porque tenho certeza de que é um caminho longo. Jamais abriria mão do prazer de um programa ao vivo para fazer um todo certinho”.
Nesse percurso, a ex-âncora do “Jornal Nacional” enfrentou um início difícil, com a baixa audiência da atração –situação revertida. “Comecei fazendo o que era possível naquele momento.”

Como avalia esses três anos do ‘Encontro’?
Era um sonho implantar um programa em um horário que tinha desenho. E criar o hábito de as pessoas assistirem levava tempo. No início, até dominar aquela nova casa, usei pouco a plateia. E ela está ali para misturar pessoas anônimas e conhecidas falando do mesmo assunto. Fui me soltando e fazendo coisas que hoje são naturais. Não dá para fazer nada que você tenha que pensar: faço ou não faço. O primeiro programa não poderia ser como está hoje, não seria natural.

Você fez pole dance, andou de patins. Acha que paga mico, perde a credibilidade?
Não. E não perde a credibilidade. Vi um especial do “Good Morning America” [programa dos EUA] e havia muitos âncoras que passaram por lá e estavam dançando, e ninguém perdeu credibilidade. Tem uma história construída que não invalida nada daquilo.
Se peço para um convidado brincar e me recuso a participar, que anfitriã sou eu?

Você tem como referência algum programa estrangeiro?
Aqui temos um público característico, que vê muita TV e sabe escolher. Não adianta pegar fórmula de fora. Tenho que ser coerente com a minha história.

Uma das marcas da sua transição foi fazer publicidade. Recebeu muitos convites?
Muitos. Sou criteriosa, tem que ir devagar. Estou todo dia no ar, não quero cansar minha imagem nem o telespectador. Não busquei fazer comercial. Quando recebi o convite para essa campanha [de um frigorífico], o ‘Encontro’ estava começando a ter merchandising. Não teria mais por que não fazer.

O programa tem cada vez mais espaço para o noticiário factual. Semana passada, por exemplo, você ficou falando da morte do cantor Cristiano Araújo. Você gosta dessa parte jornalística?
O que mais me agradou no trabalho na TV foi trabalhar ao vivo, essa adrenalina. É um risco, a gente erra, acerta, mas é o que me alimenta verdadeiramente, me desafia. O programa ao vivo já tem sua adrenalina. Aí quando tem um noticiário, eu fico mais à vontade, é minha história. Mas não é mais factual. Por exemplo, no dia em que morreu o Cristiano Araújo, eu tinha um programa pronto, convidados. Eu tinha que incluir meus convidados na conversa. Falei de cinto de segurança, da morte jovem. Ao mesmo tempo que estamos dando o noticiário, não perdemos a essência do programa, que é uma conversa, uma troca de experiências.

Te assusta a repercussão de seus erros hoje em dia? 
No programa não me surpreendo com repercussão do erro, mas quando vejo notícia equivocada em relação ao erro. Eu, por exemplo, não noticiei a morte do Cristiano Ronaldo. E eu falei a “gente termina com a homenagem ao Cristiano Ronaldo”. Mas isso tudo bem, tá na internet, tem que filtrar. Se é só uma zoação, tudo bem. a gente quer rir.
Eu jamais abriria mão e o prazer de ter um programa ao vivo para fazer um todo programa certinho, quadradinho. Todo mundo erra.  O trabalho criativo se faz em cima do erro.

Tem algo no seu começo como apresentadora que você não goste? 

Não posso dizer pelo seguinte: comecei fazendo o que era possível naquele momento. Meu compromisso sempre foi fazer da melhor maneira possível naquele momento. Tenho certeza que daqui a 200 programas estarei fazendo coisas que não percebo hoje e vão estar melhor. Eu só trabalho nisso porque tenho certeza que é um caminho longo. E quanto mais esse caminho percorrido, melhor será.

O que você gostaria de ter a mais no ‘Encontro’?

Se eu tivesse alguma ideia nesse momento, já ia botar no ar amanhã, não ia nem dormir. Não tô fugindo da pergunta, mas não sei o que mais precisa. Cada vez mais precisa ter esse pé na atualidade. Tem que ser algo sobre o o qual as pessoas estão falando.

>> com VICTORIA AZEVEDO