‘A função da novela não é social, mas entretenimento’, diz Henri Castelli

LÍGIA MESQUITA

Henri Castelli, 37, o empresário inescrupuloso Gabo de “I Love Paraisópolis” (Globo), diz frequentar há dez anos a favela na zona oeste paulistana que dá nome e serve de cenário ao folhetim das sete.

O ator mora no Morumbi, bairro de alto padrão vizinho à comunidade. “Se você subir a minha rua 300 metros, tá lá no campinho de futebol de Paraisópolis. Vou lá ver futebol, ouvir um samba. A gente é junto, mora junto, não tem diferença”, afirma à coluna.

(Raquel Cunha - 29.abr.2015/Folhapress)
(Raquel Cunha – 29.abr.2015/Folhapress)

Para ele, a história global pode até ajudar a promover o projeto de reurbanização de Paraisópolis, mas essa função social não é o papel da novela.

Você é dos que cruzam a “fronteira” do Morumbi para Paraisópolis?

Não tem fronteira. Quando eu tô lá, as pessoas olham pra mim e dizem: “Ah, você aqui!”. E eu conto que saí de uma comunidade também. Nasci e cresci em São Bernardo do Campo (SP), eu jogava bola dentro da comunidade. Aí as pessoas falam: “Ah, o cara tem olho claro e não sei o quê, foi criado em condomínio”, e não é isso.

Moradores de Paraisópolis disseram à Folha que esperam que a exposição em “I Love” ajude a cobrar melhorias para a comunidade. A novela tem função social?

A função principal é o entretenimento. Só não podemos deixar a carga do que é de um governo em cima da novela. Se ela ajudar, legal, mas não é nem deve ser um peso nas nossas costas.

Somos uma empresa de comunicação, e parte do que a gente faz é entretenimento, não é fazer reurbanização, construir, dar luz, moradia. Quem tem que fazer isso é o governo federal, o governo do Estado. Inclusive [Paraisópolis] é o quintal do nosso governador [Geraldo Alckmin (PSDB)]. A gente precisa ajudar que lá vire um bairro.

>>com VICTORIA AZEVEDO